Projeto do IFB da Bahia visa produzir hidrogênio verde com menor custo

O professor do Instituto Federal da Bahia, Francislei Santos, doutor em engenharia de biomateriais, desenvolveu um reator fotoeletroquímico projetado para produzir hidrogênio verde com menor custo e maior sustentabilidade.

O trabalho pioneiro é fruto de mais de 10 anos de pesquisa. O professor explica que reator, que utiliza luz solar como fonte principal de energia, promove reações químicas que separam moléculas de água em hidrogênio e oxigênio, sem recorrer a produtos químicos agressivos. 

“O processo de geração de hidrogênio por eletrólise já é conhecido de longas datas. Porém, o método convencional utiliza um reator em um único compartimento, onde os eletrodos são imersos nesse compartimento. O que foi que nós fizemos de novo? Unimos o conhecimento tradicional da eletrólise com o conhecimento de materiais avançados. Nós somos autores do processo de obtenção de grafeno de origem vegetal à temperatura ambiente, processo único no mundo, utilizando energia foto. E nós utilizamos esse grafeno vegetal, adicionamos no reator, mudamos a geometria do reator — agora não mais em um único compartimento, mas agora em formato DU, separando os eletrodos. Ao separar os eletrodos, então nós separamos os gases formados — hidrogênio e oxigênio — então eles não se juntam mais para formar a chamada água oxigenada, dando origem ao hidrogênio e oxigênio de alta pureza. Então nós somos inventores da tecnologia de produção de hidrogênio verde e oxigênio verde a partir de um reator fotoeletroquímico. Ou seja, ele não utiliza energias de fonte fóssil — a gente utiliza energia solar. Então ele é limpo em todas as etapas do processo, desde a fabricação até a obtenção do produto final”, diz.

O professor destaca também a importância da descoberta para o atual momento de transição energética e detalha quais os impactos para a economia, sociedade e especialmente para o meio ambiente.

“Do ponto de vista econômico, porque reduz o custo de produção do hidrogênio. A produção de hidrogênio, embora a gente sempre foque na obtenção de energia, mas o gás de hidrogênio é uma molécula chave para a obtenção de outros compostos. Através de hidrogênio, nós podemos obter amônia verde, fortalecendo a agricultura. Podemos produzir energia, podemos produzir a gasolina que é utilizada nos tanques, substituindo a fonte fóssil. Podemos desenvolver uma série de reações que já são conhecidas na literatura, mas não tínhamos o hidrogênio disponível e baixo custo que pudéssemos reproduzir. Do ponto de vista prático, para a sociedade, vai impactar na melhoria da qualidade de vida da população. Porque, através desse hidrogênio, você tendo a matriz energética mais limpa, significa menos poluição na atmosfera, menos tratamento, menos impacto ambiental, menor custo de produção, crescimento econômico, posicionamento estratégico frente às outras nações. É um impacto que a gente só consegue mensurar na cadeia, quando você observa que o Brasil está à frente de um cenário de transição energética”, aponta. 

O projeto, que já foi patenteado, conta com o apoio do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), por meio do Programa de Mentoria em Propriedade Industrial (PMPI), e também integra o Catalisa ICT, iniciativa do Sebrae Nacional que estimula a transformação de conhecimento científico em soluções de alto impacto para a sociedade.

“A partir daqui, tenho certeza que o caminho já está pavimentado. Isso não nasceu de hoje. A gente vem travando várias guerras ao longo de dez anos aí. E o próximo passo agora é levar isso ao mercado. Nós estamos agora no ICT Catalisa do Sebrae. Então nós estamos numa posição muito estratégica, com o objetivo de escalar essa tecnologia para transformar isso em um equipamento, para que seja levado à indústria. Talvez uma Petrobras, talvez qualquer indústria do setor energético, para que possa gerar riqueza e devolver à sociedade todo o investimento que foi feito ao longo da minha história, ao longo dos anos. Porque eu sou produto do Estado”, completa.


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