Com muro de um mês para o fechamento do abrigo em Canoas, centenas de pessoas não têm certeza de que poderão ter uma morada própria. O Núcleo Humanitário de Guarida Esperança ainda tem muro de 200 pessoas.
Uma delas é Almerinda Veiga, que está no meio desde a início, há um ano. A morada de Almerinda desmoronou durante a enchente no bairro Rio Branco, e ela passou por vários abrigos com a filha e o marido. Agora, vai deixar o meio de guarida, mas não terá a companhia dos familiares.
“Tem um mês que eu pedi minha filha próprio, por conta do traumatismo da enchente. Acarretou danos, digamos, emocionais. Ela era portadora da síndrome de Down. Perdi o marido também por conta da enchente. Ele ficou muito traumatizado, entrou em depressão e acabou falecendo no Natal. Logo, não tá sendo fácil”, lamentou.
Almerinda conta que conseguiu um imóvel com o aluguel social, mas não pode se mudar, porque, porquê outras pessoas, não tem mobília: “A morada tá alugada, foi feito o contrato, foi paga a caução, só que a mobília, eu vou morar na morada sem zero?”.
Cláudio Joel Bello foi selecionado pelo programa Compra Assistida para lucrar uma morada em Sapucaia do Sul, também região metropolitana de Porto Satisfeito. Ele reclama da lentidão para finalizar o processo: “Se o governo me deu minha morada, por que eu vou não vou pra minha morada de uma vez?”.
O caso de Cláudio Joel é uma exceção no abrigo de Canoas, explica o assistente sênior do meio de guarida Esperança, Rafael Brandão:
“Até semana passada, nós tínhamos uma pessoa contemplada só no Compra Assistida. Logo, a maioria das pessoas, hoje, ou está indo pro aluguel social ou está aguardando as casas temporárias. Em Porto Satisfeito, a maioria das pessoas já foi encaminhada, inclusive já assinou o contrato da morada ou tá aguardando a avaliação final da Caixa”.
Nós procuramos a Caixa Econômica Federalista e aguardamos uma resposta sobre o processo de Cláudio Joel.
O Núcleo Humanitário de Guarida Esperança foi construído pelo governo do Rio Grande do Sul com a Dependência para Migrações da ONU e financiamento da Fecomercio do estado. Além da unidade em Canoas, há outra em Porto Satisfeito, com muro de 140 pessoas. Ambas devem ser desmobilizadas até o termo de maio.
Os abrigos de Canoas e Porto Satisfeito têm 93% das 383 pessoas ainda desabrigadas no estado, segundo um tela do governo gaúcho.